Recebo no meu email todas as atualizações do blog "BEREIANOS", não é minha surpresa o texto de hoje trata sobre o que mencionei ontem, sobre a "ECONOMIA" na trindade, e nesse caso em especial duas teologias sistemáticas que encaram esse assunto por óticas diferentes. Para aqueles que gostam de TEOLOGIA e não acham que isso é algo desnecessário que o bom é "andar junto", a teologia é necessária e vital para a nossa vida diária, assunto mais cascas grossas como este abaixo, como uma explicação simples sobre o plano da salvação são importantes para formarmos nossa teologia.
Bereianos
- Apologética Cristã Reformada
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Posted: 10 Sep 2013 01:52
PM PDT
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Por Luciano Sena
Lendo a Teologia de A.
Myatt e Franklin Ferreira, me deparei com uma ‘polêmica’: O Filho
de Deus, sempre foi, é, e será eternamente subordinado ao Pai?
Ferreira ‘acusa’
Wayne Grudem como defendendo uma séria falha de interpretação. Wayne Grudem é
um autor calvinista pentecostal e batista. Franklin e Myatt, são batistas e
calvinistas.
Antes de tudo,
precisamos esclarecer que não se trata de heresia, propriamente dita. Não se
questiona a divindade essencial do Filho. Na verdade, a questão é: A
Escritura ensina que o Filho é sujeito e subordinado ao Pai. Mas essa
subordinação funcional foi restrita apenas no seu trabalho Messiânico? Isto
é, em sua encarnação e ofícios relacionados? Ou a própria alegação de ser
Filho Eterno em si mesmo revela a necessidade de subordinação?
Wayne Grudem diz:
“Na obra da redenção
também há funções distintas. Deus Pai planejou a redenção e enviou seu Filho
ao mundo (Jo 3.16; Gl 4.4; Ef 1.9-10). O Filho obedeceu ao Pai e realizou a
redenção para nós. Assim podemos dizer que o papel do Pai na criação e na
redenção foi planejar, dirigir e enviar o Filho e o Espírito Santo. Isso não
é de admirar, pois mostra que o Pai e o Filho se relacionam um com o outro
como pai e filho numa família humana: o pai dirige e tem autoridade sobre
o filho, e o filho obedece e é submisso às ordens do pai. O Espírito
Santo é obediente às ordens tanto do Pai quanto do Filho.
Quando as Escrituras
falam da criação, novamente falam que o Pai criou por intermédio do Filho,
indicando uma relação anterior ao princípio da criação. Portanto, as
diferentes funções que vemos o Pai, o Filho, e o Espírito Santo desempenharem
são simplesmente ações exteriores de uma relação eterna entre as três
pessoas, relação essa que sempre existiu e existirá por toda a eternidade.
Deus sempre existiu como três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Essas distinções são essenciais à própria natureza de Deus e não poderiam ser
diferentes."
Para Grudem entender
assim é essencial para uma construção correta da doutrina trinitariana:
"Se não há
igualdade ontológica, nem todas as pessoas são plenamente Deus. Mas se não há
subordinação econômica, então não existe diferença inerente no modo como as
três pessoas se relacionam umas com as outras, e conseqüentemente não temos
as três pessoas distintas que existem como Pai, Filho e Espírito Santo por
toda a eternidade. Por exemplo, se o Filho não está eternamente subordinado
ao Pai no seu papel, então o Pai não é eternamente "Pai", nem o
Filho eternamente "Filho". Isso significaria que a Trindade não
existe desde a eternidade."
Myatt e Ferreira
respondem:
“São vários os
problemas com o argumento de Grudem. Ele começa a partir de dois enunciados
que são corretos, a saber: (a) as três pessoas da Trindade são distintas e
(b) elas cumprem papéis diferentes em relação à criação e redenção. Porém,
ele erra ao asseverar que isso implica que (c) as relações entre as três são
da qualidade de uma hierarquia, ou cadeia de comando eterna. O enunciado
"c" simplesmente não se segue dos enunciados "a" e
"b".
O problema começa
quando Grudem confunde a ideia de distinção com submissão, de modo que ele
não consegue entender como uma pode existir sem a outra. Mas não há razão
lógica para levar alguém a supor que a distinção de papéis não possa existir
sem uma subordinação de uma pessoa à outra. Tais relações são comuns. A
confusão de Grudem ocorre pela aplicação errônea da analogia da família humana.
Porém, mesmo essa analogia serve para ilustrar que é perfeitamente normal
existir distinção de papéis sem subordinação. É verdade que, numa família bem
ajustada, os filhos são submissos ao pai. Numa família saudável o pai orienta
e o filho obedece, enquanto ainda é criança. Ao se tornar adulto, a natureza
do relacionamento entre o pai e o filho muda de submissão e obediência para
respeito e cooperação mútua. Como criança, o filho tem a responsabilidade de
obedecer. Como adulto, essa cadeia de comando não existe mais, embora a
relação entre ambos ainda permaneça como uma relação de pai e filho. O filho
não é menos filho por ser adulto. A existência da relação paternal e filial
não depende de obediência e submissão. Portanto, a analogia mostra que é
perfeitamente possível uma relação eterna de paternidade e filiação entre
Deus Pai e Deus Filho sem subordinação eterna.”
Fica difícil julgar
a questão, quando avaliamos os 'oponentes'. Franklin Ferreira, e os demais
citados, tem autoridade suficiente para questionar Grudem, assim como
este também tem. O problema engrossa no fato de que Grudem cita Charles
Hodge e A. Strong como defensores de uma subordinação eterna. Daí,
é luta de gigantes.
Por sua vez,
Ferreira e Myatt dizem que a posição de Atanásio é contra uma
subordinação eterna, que concerne ao Filho. Quanto a F. Ferreira, por quem
temos profunda admiração, por ser obviamente uma das maiores autoridades
calvinistas de nosso país; se ele mostrasse o que Atanásio disse sobre
esse tema, acredito que a palavra final seria dada. Isso, infelizmente, por
falta de espaço talvez, não mostrou em sua Sistemática. Mas eles citam
autores, teólogos, de nome Gilles, Spencer e Gill, que fizeram
pesquisas nessa área, e os mesmos garantem que essa é a posição ortodoxa dos
Credos e dos Reformadores. Um desses autores diz que a subordinação eterna é
semi-ariana!!!
O Credo
Atanasiano, pelo que percebo, não trata exaustivamente da questão. Apesar
de dizer algo nessa direção nos seguintes dizeres: "Igual ao Pai
quanto à divindade, menor que o Pai quanto à humanidade". Obviamente
não é negado nem estabelecido o assunto. Isso qualquer um que crê na
subordinação eterna também diz. Por outro lado, O Credo estaria com
‘humanidade’ aludindo também para sua obra Messiânica? O que incluiria os
seus ofícios? Se sim, neste caso, Ferreira e Myatt estão certos e Grudem,
Hodge e Strong, errados.
Ferreira e Myatt
concluem com palavras de advertências: “A nossa conclusão é que a doutrina
da subordinação eterna do Filho ao Pai não é bíblica e entra em choque com o
ensino ortodoxo da igreja através da história. Portanto, deve ser rejeitada,
como um perigoso caminho em direção à negação da Trindade."
Bibliografia: Teologia
Sistemática - Franklin e Myatt – Cap. 13, A pessoa de
Jesus Cristo: O subordinacionismo.
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